sexta-feira, 8 de abril de 2011

BA: Acesso fácil às armas alimenta a violência

O delegado-geral da Polícia Civil baiana, Hélio Jorge Paixão, avaliou que, para conter o acesso fácil a armas de fogo, é necessário aumentar a fiscalização sobre a entrada de armas e munições. “É preciso ter controle de fronteira, pois muito do armamento chega ilegalmente do exterior. A investigação deve envolver a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, as polícias militares e polícias civis dos estados”, disse.
O delegado também comentou o atentado cometido na quinta-feira, 7, na escola do Rio de Janeiro. “Foi uma ocorrência que, à primeira vista, envolve uma pessoa emocionalmente perturbada que, naquele momento, assumiu o papel de atirador ativo, em ambiente com várias pessoas indefesas, e motivado por algo em que ele mesmo acreditava”.
Hélio Jorge disse que o criminoso pode ser caracterizado como emocionalmente perturbado ou terrorista, caso tenha agido por motivos políticos, religiosos ou étnicos. O delegado-geral falou que não é possível realizar ações preventivas contra estes episódios: “É impossível investigar consciências”.
Hélio Jorge argumentou, ainda, que, como o assassino também não tinha antecedentes criminais, tornaria mais improvável a previsão do ato. Ele também sustentou que o acesso a notícias ou a filmes que relatem ocorrências desta natureza podem encorajar outros a cometerem o mesmo crime.
Banalização - Para o criminólogo belga Ricardo Cappi, a ocorrência de atentados como o de ontem não tem relação apenas com a acessibilidade do cidadão às armas. “Há hoje uma banalização de encarar a violência como a única forma de resolver os problemas. Essa violência remete não somente à acessibilidade às armas, mas também à forma como o jovem vive isolado”, disse Cappi, que lamentou o ataque.
Professor universitário na Bahia, ele defendeu que atos violentos podem ter ligação com a forma o sistema de ensino funciona: “Precisamos fazer uma reflexão sobre a maneira dos processos educativos, pensar o ‘estar junto’ no ambiente escolar. É importante a escola pensar a socialização para além dos conteúdos curriculares”.
Para a professora universitária Tânia Cordeiro, integrante do Fórum Comunitário de Combate à Violência, “o episódio do Rio refletiu um encontro do distúrbio psiquiátrico com a facilidade em se conseguir armas. Sem armas, é possível que esse rapaz até recorresse a uma forma de violência para expor a raiva, mas não tão letal”.
Segundo ela, a tragédia de ontem serviu para mostrar como a violência está banalizada na sociedade atual. “Não há como não se comover, ao se deparar com crianças mortas dessa forma. Porém, a comoção deveria acontecer a cada morte violenta ocorrida todos os dias. A violência hoje é tão banal que só nos impressionamos em situações como essa, com tal número e o perfil das vítimas. É preciso ter preocupação com todas as vítimas de violência”, advertiu.
Segundo ela, medidas contra a violência devem ser planejadas não apenas diante de matanças. 


fonte: a tarde online

Nenhum comentário:

Postar um comentário