quinta-feira, 21 de abril de 2011

AF 447: decisão sobre retirada de corpos será em alto mar

A França ainda não determinou se haverá ou não tentativas de resgate dos corpos do acidente com o voo 447 da Air France, ocorrido em 2009, devido à complexidade da operação. A informação foi dada à BBC Brasil por um porta-voz do Escritório de Análises e Investigações (BEA, na sigla em francês), órgão que está levantando as causas do acidente.
"Será decidido a bordo do navio na área de buscas, com base na observação das condições do local, se a operação de resgate dos corpos é viável ou não", disse Martine Del Bono, porta-voz do BEA. "A decisão de trazer ou não os restos mortais à superfície será tomada por representantes da Justiça a bordo do navio. São eles que vão decidir como isso será feito, se haverá o resgate de todos os corpos ou de apenas alguns, e eles instruirão os técnicos em relação aos procedimentos", diz Del Bono.
"Essa é uma operação jamais realizada. No passado, já nos deparamos com resgates de corpos, mas nunca ocorreu de encontrarmos a fuselagem dois anos depois com restos mortais a quase quatro quilômetros de profundidade", diz.
"A prioridade da quinta fase é a localização das caixas-pretas do avião", reiterou a porta-voz.
O voo 447 da Air France caiu no Atlântico no dia 31 de maio de 2009 após decolar do Rio de Janeiro rumo a Paris com 228 pessoas a bordo. Somente 50 corpos foram localizados pouco após a catástrofe.
Operação
Del Bono ressalta, no entanto, que o navio Ile de Sein, que deixará o Senegal nesta sexta-feira rumo à área onde foi localizada a fuselagem do avião, "está totalmente equipado para a operação de resgate e de conservação dos corpos", caso ela ocorra.
O Ile de Sein deverá chegar à área de buscas neste domingo ou na segunda-feira, diz o BEA. A bordo do navio estão oficiais da polícia judiciária francesa e médicos legistas do Instituto de Pesquisas Criminais da Polícia Militar. Segundo Del Bono, são eles que decidirão sobre a viabilidade da operação de resgate dos corpos.
"Existem ainda muitas dúvidas sobre a maneira como o resgate dos corpos pode ser realizado e não vamos agir de qualquer maneira", disse ao jornal Le Parisien desta quinta-feira um fonte judicial ligada ao caso.
A questão do resgate dos corpos tem sido alvo de informações contraditórias desde a descoberta da fuselagem do avião, situada a 3,9 mil metros de profundidade a apenas cerca de dez quilômetros ao norte da última posição do avião apontada nos radares.
Inicialmente, o governo francês havia declarado que a operação para localizar as caixas-pretas do avião, a quinta desse tipo, iria também resgatar os corpos das vítimas e que ele seriam identificados. Posteriormente, os familiares das vítimas foram informados de que isso não seria possível.
Na terça-feira, a Aeronáutica brasileira declarou ter sido informada de que o governo da França autorizou o resgate dos corpos. Mas também na terça-feira, o BEA, ligado ao ministério dos Transportes francês, se referiu ao assunto apenas nas últimas duas linhas de um comunicado sobre a quinta fase de buscas, "lembrando que o resgate dos corpos e dos objetos pessoais está sob a responsabilidade de representantes da Justiça".
"O BEA empurrou o problema para a Justiça para não ter nenhuma responsabilidade em relação a isso. A confusão em relação ao resgate dos corpos tomou proporções enormes", disse à BBC Brasil Maarten Van Sluys, diretor da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447. 


fonte: terra

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